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IGREJA LUSITANA - COMUNHÃO ANGLICANA

Apresentação do tema teológico do Plano Pastoral e de Missão - «Alegrem-se na Esperança que têm»

Paróquia de S. João Evangelista

Festa do Trabalho e das Colheitas

23 de Outubro de 2005

 

«Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ámen.»

Prezados irmãos e irmãs, que a Paz e a Esperança de Jesus Cristo

habite nos vossos corações !

 

Introdução

À semelhança do ano passado, pareceu-me oportuno apresentar o tema para um novo Ano Pastoral e de Missão, no contexto da Festa do Trabalho e das Colheitas. Após as férias, esta festa costuma congregar um maior nº de membros da comunidade, assinalando como que um recomeço do caminhar eclesial. Nesta festa, também se celebram e interiorizam actos fundamentais para a vida e missão de qualquer comunidade cristã como sejam, a sementeira, o trabalho e a colheita. Nela se exprimem de uma forma profunda os traços de um Deus, que por amor providencia aos seus filhos tudo aquilo que é necessário ao seu bem-estar físico e espiritual. Um Deus, que conforme a leitura de Deuteronómio hoje escutada, está atento à situação social do seu povo, que o liberta da escravidão e o conduz à terra prometida, requerendo desse modo aos seus, sentimento de gratidão e de louvor, pelo Amor demonstrado.

Como certamente se lembrarão, foi assumido, que ao longo de 3 anos, aprofundássemos ao nível do plano pastoral e de Missão da paróquia, o tema da «Esperança Cristã». Pareceu-me oportuno, enquanto pároco, que ao versículo escolhido para o ano pastoral que terminou e que foi «Alegrem-se na Esperança que têm» (Rom. 12,12), suceda agora um outro, extraído da primeira carta a Timóteo, capítulo um, versículo um, e que diz; «Jesus Cristo é a nossa Esperança».Este será pois o lema orientador do nosso agir para o corrente ano pastoral e de Missão. Estavam também já definidas, três áreas prioritárias de trabalho. A primeira refere-se à «Evangelização

e à Educação da Fé». A segunda à «Celebração da liturgia e à Oração» e a terceira ao «Acolhimento e à Solidariedade». Para cada uma destas áreas que somos chamados a trabalhar, o novo tema ; «Jesus Cristo é a nossa Esperança», traz novos e enriquecedores contributos como passaremos a analisar.

1 -  Jesus Cristo, Esperança, que nos chama a Evangelizar  e a educar a fé

1.1 – Jesus Cristo chama-nos a Evangelizar

«O cristianismo não é primordialmente uma doutrina, mas sim uma Pessoa, Jesus Cristo». Esta afirmação, profundamente verdadeira, significa que Evangelizar consiste antes de mais, em levar os homens e as mulheres do nosso tempo a um encontro pessoal com Jesus Cristo, único Salvador, fazendo-os Seus discípulos. Seremos tanto mais capazes de cumprir esta missão, quanto nós próprios, tivermos a nossa fé assente numa relação pessoal, viva e existencial com Jesus Cristo. Dai a necessidade permanente, de «redescobrirmos Jesus Cristo, nossa Esperança» na medida em que, uma relação pessoal, para valer, tem que ser continuamente alimentada, fortalecida e redescoberta. Tal acontecerá naturalmente no contexto da Igreja, comunidade de fé que proclama e acolhe a palavra de Deus, que vive e expressa a união fraterna entre irmãos na fé e que celebra os sacramentos.

Para muitos dos nossos contemporâneos, Jesus é uma figura histórica do passado, sem qualquer relevância para a vida de hoje. Torna-se por isso necessário, ousar de novo Evangelizar, procurando e devendo cada um de nós assumir a sua condição e vocação de baptizado em Cristo. Todos sabemos por experiência, que a melhor forma de evangelizar nasce do testemunho pessoal, da conversa

franca e aberta que temos com os outros e na qual falamos de Cristo e da sua importância, sentido e esperança para a nossa vida individual e colectiva. Quantas e quantas oportunidades para que tal aconteça têm sido desperdiçadas por cada um de nós na família, no trabalho, no liceu, entre amigos, na Igreja, ou nas mais diversas situações do dia a dia? O nosso dia a dia (embora por vezes não tenhamos consciência disso) encerra sempre um manancial de oportunidades e de desafios para apresentarmos Jesus Cristo, enquanto pessoa viva, àqueles que d’Ele andam afastados. E quem conhece Jesus e com Ele trava essa relação existencial viva, sente no seu coração o desejo e a necessidade de partilhar com outros esse tesouro. É o anúncio ( Kerygma) da «Boa Nova / Boa Noticia» de que Deus se fez homem em Jesus Cristo, que deve constituir tarefa primeira de cada cristão e da Igreja no seu todo.

1.2 – Educar a fé, para crescer no conhecimento de Jesus Cristo.

Mas, como todos sabemos, a seguir ao anúncio de Jesus, deve-se seguir, a educação na fé. O próprio Jesus desperta em nós o desejo de conhecermos «o Seu pensamento, a Sua vontade, a Sua Palavra». Deveremos educar o nosso ser quer no Amor quer no Conhecimento da inesgotável pessoa de Jesus. A relação com Jesus não é mero sentimento ou emoção e requer educação da fé, sustentada no uso da razão. Fé e razão complementam-se de uma forma harmoniosa. Tal exige esforço individual mas também eclesial. Se nos preocupamos em desenvolver o conhecimento em muitas áreas do saber, porque é que por vezes negligenciamos o conhecimento de Deus? Catequese não é coisa só para criança mas é, e principalmente nos nossos dias, coisa para adultos. No nosso tempo e na nossa sociedade deveremos estar conscientes que urge «converter os baptizados» dada a imensa multidão de irmãos nossos que tendo sido baptizados em criança possuem enquanto adultos uma fé de criança. 

2 - Jesus Cristo, Esperança, que nos chama a Celebrar e a Orar

2.1 – Jesus Cristo chama-nos a Celebrar

Assumindo que a relação com Jesus é essencialmente de ordem pessoal e relacional, perceberemos a importância da Oração comunitária e individual no alimentar dessa relação. Quando ao Domingo, «dia do Senhor», a comunidade de fé se reúne em ekklésia (assembleia) fá-lo para «fazer o que fêz o Senhor», ou seja, para celebrar a Eucaristia em memória de Jesus. É Cristo, Senhor da Igreja, quem nos convoca e congrega em nome de Deus Pai. E no seu amor misericordioso Cristo não só convida como se dá em alimento no sacramento eucarístico, expressão viva e real do seu corpo e sangue; «Tomai e comei; isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim (..) Tomai e bebei todos; este é o cálice do meu sangue, (..) fazei isto sempre que o beberdes, em memória de mim». Percebemos então, como a celebração Eucarística dominical, está intrinsecamente ligada à pessoa de Jesus e constitui sempre um tempo de profundo e inefável encontro, relação e de união de cada crente com Jesus Cristo no seio da comunidade reunida. Vista deste prisma, a Eucaristia é sempre uma festa que nos renova no amor, na alegria e na paz, e que nos envia ao mundo no poder do Espírito Santo, para vivermos e trabalharmos para sua honra e glória. Importa pois, cuidar do modo como nos preparamos individual e colectivamente para esta festa de encontro com Deus em Jesus Cristo.

2.2 – Jesus Cristo, chama-nos à Oração

Lendo os Evangelhos, descobrimos como o ministério de Jesus esteve sempre pautado por uma intensa vida de oração. Na relação orante de Deus Filho com Deus Pai, poderemos encontrar o modelo a seguir para nos relacionarmos com Jesus Cristo, nossa Esperança.

Com efeito, Jesus não só falou de Deus como seu «Pai», como também ensinou os discípulos a chamar a Deus «Pai». Ao dirigir-se a Deus como Pai, Jesus usou a expressão mais íntima, «Abba», que indica uma intimidade de comunhão amorosa e de confiança incondicional. Jesus inaugura assim uma nova forma de relacionamento com Deus, baseada na intimidade, na simplicidade, na familiaridade, na abertura e na obediência total. Este modo de proceder com o Pai é o mesmo modo que Jesus tem de proceder com os seus filhos e filhas, e é também aquele que Ele nos pede que tenhamos com Ele. Claro que deveremos ter consciência que «é a pessoa de Jesus quem desbrava o caminho do coração» , ou seja, uma vez em comunhão com Ele, deixemo-nos conduzir pelo Seu Amor sabendo que Ele é o Senhor da nossa vida.

O tempo que dedicarmos à oração particular e o modo como rezarmos em conjunto serão determinantes para o nosso testemunho. Sabemos que «a oração é a respiração do crente» e por maioria de razão é a respiração da Igreja. Não se trata pois de uma realidade meramente individual mas algo que teremos que ter consciência que diz respeito a todos. A Igreja será tanto mais fiel quanto soube viver em oração.
 

3 – Jesus Cristo, Esperança que nos chama ao acolhimento e à Solidariedade.

Celebrar dominicalmente a Eucaristia «em memória» de Jesus Cristo, remete-nos naturalmente para o sentido da entrega, do despojamento e da dádiva da própria vida que Jesus assumiu e consumou na cruz. Celebrar a Sua memória será também actualizar no concreto da nossa vida, essa mesma entrega, despojamento e dádiva de vida. Esta é a base do acolhimento e da solidariedade que somos chamados a desenvolver. «Liturgia depois de liturgia» é uma expressão ortodoxa que ajuda a perceber o nexo, a relação entre a prática da liturgia

eucarística e a sua extensão na vida real. A liturgia eucarística, «convoca e envia os fieis a celebrarem o «sacramento do irmão», fora do templo, onde são ouvidos os gritos do pobre e do marginalizado». O encontro com o Cristo vivo presente na Palavra que é proclamada e na Eucaristia que é celebrada, é depois continuado no encontro e na comunhão com o nosso «próximo» particularmente o mais necessitado. O acolhimento e a solidariedade que queremos desenvolver, são alimentados pela participação na Eucaristia, e por sua vez uma vida solidária e aberta aos outros é a melhor preparação para uma participação mais consciente na eucaristia. Percebemos aqui a relação indispensável entre as funções litúrgica e diaconal da Igreja.  

4 - Conclusão

Procuraremos pois, que ao longo deste Ano Pastoral e de Missão, «Jesus Cristo, nossa Esperança» conduza o nosso caminhar, o caminhar de todos desde os mais novos aos mais idosos. Temos naturalmente «visões» do caminho que queremos seguir e estaremos abertos à acção do Espírito Santo o que significa que não nos move um plano rígido e inalterável de trabalho. Num contexto social, político e económico de crise, o nosso sentimento de esperança está por vezes enfraquecido, o que nos deve levar a ter consciência de que a renovação da nossa esperança passa pela renovação da confiança em Jesus Cristo que afirmou que estaria connosco até ao fim dos tempos (Mt 28,20). Ele é «o portador, na sua própria pessoa, da salvação universal (..) e ele mesmo se confrontou com o mal, até aos infernos da morte (Ef 4,)) mas o mal não o venceu». A razão da nossa esperança está por isso numa relação viva, pessoal e comunitária com Jesus Cristo. Ao mesmo tempo também, afirmar a esperança que nos anima em Jesus Cristo, será um voto de confiança e de aposta no futuro e naquilo que há a fazer para construir um

mundo mais justo e fraterno para as gerações mais novas. Interessa-nos o futuro e não o passado. E para construirmos um futuro melhor teremos que estar atentos hoje a tudo aquilo ( «sinais dos tempos») que nos aponta já para o advento do Reino de Deus. O mundo em que vivemos e os homens e as mulheres nossos companheiros de peregrinação, necessitam urgentemente de gente portadora de uma Esperança com sentido, gente que olhe a vida com confiança. Saibamos estar à altura desse desafio.

 

Que  Jesus Cristo, nossa Esperança, nos ajude. Amén.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Calendário de celebrações e de actividades

paroquiais previstas até Dezembro de 2006.

 

 

 

  Sábado de cada mês à tarde – encontros de oração - «Testemunhar Deus no feminino»

 

 

2 de Novembro - 1ª quinta feira de Novembro e inicio das orações semanais à 1ª quinta feira do mês

 

 

26 de Novembro – Lançamento no decorrer do culto dominical da 13ª edição da Bolsa Diogo Cassels

 

 

2 de Dezembro – Sábado da parte da tarde – Bazar / Venda de Natal no Ginásio do Torne

 

 

«Encontros do Advento» – 4 encontros de oração e de estudo bíblico nas semanas do Advento

 

 

25 de Dezembro – Celebração de Natal com participação das crianças da Escola Dominical e famílias e com colecta a reverter para o Apelo do Advento a nível da Diocese