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IGREJA LUSITANA - COMUNHÃO ANGLICANA

Advento 2005 - 3º Encontro

Advento 2005
III Encontro de Oração
Paróquia de S. João Evangelista


"Sejam Alegres na Esperança que têm" Romanos 12,12

Acolhimento

Cântico

Partilha

Meditemos em silêncio sobre o dia que passou, lembrando as nossas faltas de amor, tanto a Deus como ao próximo.

Senhor, que vieste para salvar os corações arrependidos, tem piedade de nós.
Senhor, tem piedade de nós.

Cristo, que vieste para chamar os pecadores, tem piedade de nós.
Cristo, tem piedade de nós.

Senhor, que intercedes por nós junto do Pai, tem piedade de nós.
Senhor tem piedade de nós.

Deus omnipotente tenha misericórdia de nós; perdoe os nossos pecados; e nos guarde na vida eterna. Ámen.

Oração para a  coroa do Advento

A Igreja inteira se alegra, Deus da esperança, ante a chegada de Jesus Cristo como luz verdadeira para iluminar aos que estavam nas trevas. Fizemos esta coroa com ramos e adornamo-la com velas. Na preparação do Natal, pedimos-te Senhor, que nos ilumines com a claridade do teu Filho, luz do mundo, que vive e reina contigo pelos séculos dos séculos. Amén.

Cântico de Esperança (Salmo 130)

-Do fundo do abismo clamo a Ti, Senhor.
Senhor, ouve a minha prece!
Estejam atentos os teus ouvidos
À voz da minha súplica.
Confia minha alma no Senhor, n'Ele está a minha esperança.

- Se Tu, Senhor, tiveres em conta os pecados,
quem poderá subsistir?
Mas junto de Ti encontramos o perdão,
por isso te respeitamos.
Confia minha alma no Senhor, n'Ele está a minha esperança.

-Eu espero no Senhor, a minha alma espera,
confio na Sua palavra.
A minha alma espera pelo Senhor,
mais do que a sentinela pela aurora.
Confia minha alma no Senhor, n'Ele está a minha esperança.

-Como a sentinela espera pela aurora,
também Israel espera pelo Senhor,
porque d'Ele vem a misericórdia
e abundante redenção.
Confia minha alma no Senhor, n'Ele está a minha esperança.

-Ele mesmo há-de remir Israel
de todos os seus pecados.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, é agora e será sempre. Ámen.

 

Texto para reflexão

Tempo de Crise, fermento para a Esperança

"A crise de sociedade dos anos 2000 é na realidade uma fissura civilizacional que reclama respostas novas e perspectivas audazes (…) O mundo parece afectado pela fatalidade, como se estivéssemos resignados a um progresso decadente. Hoje não vale a pena falar de pobreza, mas de miséria, e particularmente de miséria de esperança". Esta reflexão recente de Xavier Emmanuelli na revista Croix exprime bem um dos desafios colocados aos homens e às mulheres de hoje e particularmente aos cristãos : como é que, nestes tempos de crise, de passagem de uma cultura a outra, somos nós provocados para a esperança? Podemos ainda falar de esperança, quando muitos se resignam e as utopias são relegadas para a prateleira dos acessórios? Como viver esta dimensão constitutiva da fé cristã através de um testemunho humilde e tenaz? A este propósito os padres franceses afirmaram:

"A crise que atravessa hoje a Igreja, é devida, em larga medida, à repercussão, na Igreja em si mesma e na vida dos seus membros, de um conjunto de mutações sociais e culturais rápidas, profundas, e que têm uma dimensão mundial. Estamos prestes a mudar de mundo e de sociedade. Um mundo se fina e um outro está prestes a emergir, sem que exista qualquer modelo pré estabelecido para a sua construção. Os equilíbrios antigos estão prestes a desaparecer e os novos equilíbrios ainda não se constituíram. A figura do mundo que é necessário construir escapa-se-nos".

A crise que vivemos não é apenas uma crise de mudanças económicas, culturais e sociais, é também a crise de sistemas de explicação do mundo que permitam dar sentido aos projectos, à história, e que deste modo dêem as razões de esperar.

(…) Os sociólogos sublinham frequentemente que estamos numa cultura do presente, até mesmo do instante, e que, deste modo, a relação ao passado, ou ao futuro, já não é a mesma para as gerações actuais. Nestas condições, como dar vida a uma tradição, a tradição cristã, que, na continuidade da tradição judaica, coloca o presente do homem crente e da comunidade à qual pertence entre uma memória (passado) e a realização de uma promessa (futuro)? Se a figura do futuro nos escapa, se o futuro da humanidade é dificilmente pensável, como falar ainda de esperança? Os tempos de crise e de mutação que vivemos desafiam a esperança dos cristãos, e tornam difícil a realização desta dimensão constitutiva da fé.

Perante estes factos os cristãos devem-se interrogar:

- que olhar têm sobre este mundo em mutação e sobre os homens e as mulheres com quem vivemos?
- este olhar tem em conta os obstáculos e as dificuldades que se vivem ?
-é um olhar que se prende apenas com o que afunda as nossas sociedades ?

- ou será um olhar que sem esquecer as dimensões atrás referidas, tem também em conta as situações, os acontecimentos, e os actos que abrem o futuro ao individuo e à humanidade?

No pós segunda guerra mundial o cardeal Suhard após dizer que a guerra marcava o fim de um mundo, interrogava-se."O tempo penoso da actualidade não é nem uma doença, nem uma decadência do mundo. É uma crise de crescimento . O que é que morreu? O que é que nasceu e vai viver ? Trata-se aqui menos de enumerar do que de pressentir. O tempo de crise coloca-nos aqui a saber discernir no presente o que está a germinar de futuro. E isto não será um primeiro passo no caminho da esperança?

Um olhar cristão sobre o nosso mundo, é também um olhar que se inspira no olhar que Jesus Cristo colocou nas pessoas e na sociedade do seu tempo. Nas palavras do cardeal Louis-Marie ."É esta mesma sociedade que nos é dada para amar. Nós não a procuramos evitar. Mas sabemo-nos chamados a colocar sobre ela o mesmo olhar que Cristo colocava sobre as multidões".

Nesta perspectiva, somos também chamados a esperar dado que esperar é acreditar no futuro: é considerar que um futuro é possível para um indivíduo, para um grupo, para um povo. O filósofo Guy Coq, relendo o seu itinerário, disse que se a fé é da ordem do dom recebido, a esperança é da ordem da decisão pessoal:"A fé escapa aos esforços da minha vontade. Ela possui sempre a forma de um dom, eu recebo-a. A esperança é ao contrário o acto primeiro da minha vontade. Eu decido esperar, dado que é melhor para a vida. E a minha escolha de esperar provoca a esperança e fá-la crescer".

Percorrer o caminho de Emaús

Será esta situação de dificuldade de esperar, uma situação nova para nós, os cristãos? Não seremos, simplesmente, hoje, convidados a viver e a percorrer o caminho de Emaús? A passagem de Lucas 24 não será o paradigma da nossa condição de cristãos, de discípulos de Jesus Cristo? Uma condição cristã que faça de nós peregrinos, que percorram as mesmas rotas humanas que os nossos contemporâneos, enfrentando eles também as dificuldades? Sendo cristãos, nós não vivemos noutro mundo, não pertencemos a outra história. Mas nesta marcha com todos, nesta história comum, fazemos, como Cleófas e o seu companheiro, a experiência de ser desafiado pelo desconhecido, pelo Cristo, quando o dia está a findar.

O desafio que se coloca para cada um de nós, para as nossas comunidades, para a Igreja no seu conjunto, é o de percorrer a totalidade do caminho que vai de Jerusalém a Jerusalém passando por Emaús, de viver todas as etapas, de não pararmos no caminho, de não ultrapassar nenhuma etapa: nem a do caminho, nem a da releitura das Escrituras, nem a do albergue, nem a do regresso a Jerusalém e a da partilha da alegria com os irmãos.
(traduzido e adaptado da revista Christus - Abril 2005)

Responsório:

Em paz nos deitaremos e dormiremos;
Porque só Tu, Senhor, nos fazes habitar em segurança.

Nas tuas  mãos, Senhor, entrego o meu espírito;
Tu nos redimirás, Senhor Deus da verdade.

Durante a noite, guarda-nos de todo o pecado;
Tem misericórdia de nós Senhor, tem misericórdia.

Senhor, ouve a nossa oração;
E chegue a Ti a nossa prece.

Pai Nosso